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A Vida Como Ela É by Realidade Cruel Lyrics

Genre: rap | Year: 1999

[Verso 1: Douglas e Keno]
Veja só a vida como ela é
Demorou, mas eu aprendi que não basta apenas ter fé
Pra sobreviver aqui no dia a dia
Com uma pá de viciado, ladrão e uma pá de polícia
Vejo o moleque caído no chão
Desesperado com o revólver na mão
Pede socorro, ele grita, ele chora
Com a mão na barriga e o sangue pra fora
Quatro tiros sem dó, sem piedade
Da pedra no estômago, no peito sem piedade
Chegaram chegando num carro metendo bala
Um Santana prata, quatro portas sem placa
Em plena luz do dia ali no local
Sem ambulância, ocorrência nem hospital
É lastimável eu sei é lamentável mano
Mas aqui coisas assim já não me causam espanto
Por que a chuva que cai sobre a favela
Os malucos na viela fumando uma vela
Mesmo assim o tráfico não para
Põe uma pedra e uma cinza no cachimbo depois vira fumaça
Tem mano que penhora som, bota o carro
Tem mano que troca até o barraco
Acaba com tudo que tem dentro de casa
Espanca a própria mãe e enche os filhos de porrada
É demorou, mas eu aprendi que não basta apenas ter fé
É a vida, a vida como ela é
[Refrão: Keno, Flagrante e Douglas]
Esta é a vida de muitos na periferia
Tristeza e agonia, correria noite e dia
Esta é a vida de muitos na periferia
Na periferia, na periferia

[Verso 2: Douglas e Keno]
Será que aquele mano era culpado, me diga
De ter roubado para sustentar sua própria família
Sou testemunha, mano eu cansei de ver
O cara se matando pra sobreviver
Com mulher e três crianças numa casa alugada
E um salário filho da puta que não dava pra nada
Assassinado pela polícia com vários tiros na cara
Tentando assaltar numa agência bancária
É cruel, eu sei que é foda, é triste
Mundo do crime, ladrão e uma par de calibre
Eu tiro como exemplo pra mim mesmo
Quando me lembro dos manos que já morreram
Na mão da polícia, na mão de ladrão
Numa quebrada sinistra ou numa cela de prisão
Não, é bem pior do que uma ferida
Que nunca fecha, que nunca cicatriza
Olho pro céu e peço pra Deus me guiar
Pra que nenhum filho da puta tente um dia me atrasar
Com um tiro de doze, uma rajada no peito
Na lei do inferno sou mais um prisioneiro
Preferia que fosse bem melhor
Ao invés de ver meu povo se acabando no pó
Não ladrão, não sangue bom
Não irmão, por favor não
É bem melhor viver a vida
De uma forma digna sadia
Com sua esposa, filhos, família
Sobreviver um dia após um dia
Demorou, mas eu aprendi que não basta apenas ter fé
É a vida, a vida como ela é
[Refrão: Keno, Flagrante e Douglas]
Esta é a vida de muitos na periferia
Tristeza e agonia, correria noite e dia
Esta é a vida de muitos na periferia
Na periferia, na periferia

[Verso 3: Flagrante, Douglas e Keno]
A vida aqui não é como a fita de videocassete
Que você adianta, para ou rebobina
Não é como as crianças se divertindo na creche
É muito mais triste do que você imagina
Ter uma casa, um carro, um telefone
Ter um trampo descente na vida ser um homem
Mas nem tudo parceiro é como a gente quer
É ou não é, a vida como ela é
Uma mina me diz que quer parar
De cheirar cocaína e de roubar
Já um moleque mais ou menos de 14 anos
Olha e me diz que já matou uma par de fulano
Com revólver cromado ele fala
"Se desandar, deixa brecha eu meto bala"
"Não to nem aí com porra nenhuma"
"Pra mim tanto faz a cadeia ou a sepultura"
Reportagem no noticiário
Quatro pessoas encontradas dentro de um barraco
Alguns vestígios, nenhuma pista
Alguns cachimbos, algumas gramas de cocaína
A vida aqui vale muito pouco
Ainda mais na mão de um mano muito louco
Com uma semi-automática na cinta
No farol ou numa de esquina
Aterroriza, congela a sua alma
Te põe em pânico, tira a sua calma
Demorou, mas eu aprendi que não basta apenas ter fé
É a vida, a vida como ela é
[Refrão: Keno, Flagrante e Douglas]
Esta é a vida de muitos na periferia
Tristeza e agonia, correria noite e dia
Esta é a vida de muitos na periferia
Na periferia, na periferia