Song Page - Lyrify.me

Lyrify.me

Literatura da Favela by Rappek Lyrics

Genre: rap | Year: 2012

Periferia só acorda com barulho de sirene
Pela fresta da janela zé povinho está contente

Se anima com a notícia que um fulano morreu
Só porque o cara pá, tinha um carro melhor que o seu

Se fodeu! A vida continua igual
Seu único alimento é bolacha água e sal

O menino no farol ainda pede esmola
Se o trocado não vier, ele ameaça com a pistola

De 100 por cento de sorte, 99 é morte
Os fracos não tem vez, só sobrevivem os fortes

Latrocínio, homicídio é um mal que aqui se fez
Lá no beco, logo cedo, uma pá de "chinês"

Tô de rolê na quebrada, as patricinha se acha
E os malandro se racha quando a viatura passa
Não pega nada, aqui não arruma nada
Revista e não registra, sem b.o nem enquadra

Sou mente criminal roubando a atenção
Favela agora é moda no jornal, televisão

E o ator ganha um oscar pela encenação
Quero ver vida real, neguin pagar de ladrão

Pode me chamar de louco, isso é pouco, vai por mim
Só se esqueceram que Van Gogh era chamado assim

Não confio na minha sombra, quem dirá em alguém
Se Jesus foi confiar e Judas o traiu também

O clima é tenso, uma guerra
Nessa selva de pedra, pago os pecados na terra

E nesse filme de terror, Stephen King não escreveu
O demônio opressor de Mussolini reviveu

Reencarnou no presidente que abusa do poder
Vietnã, depois Iraque, quantos mais irão morrer?

Interesse político segue a sina do massacre
Assim com a miséria que avassala no acre
Então, esse é o impasse, holocausto urbano
Traficante cobra a fita e o gambé passa um pano

Heresias atuais, é o falso marginal
Inserindo um novo vírus no convívio social

A nossa juventude está rumo a decadência
Iludida pelo crime, incentivando a violência

Motivando as aparências, roubando a inocência
Brasil, glórias mil, só restou condolências ...

Tá ligado no que eu digo, eu conheço o inimigo
Vai levando os meus manos nessa profissão perigo

O sistema quis assim, ninguém vai se importar
Pois eu sei que o pior cego é o que não quer enxergar

Nos deram ódio pra roubar e drogas pra vender
Nos deram armas pra matar e motivos pra morrer

Não posso mais sorrir, mentir na oração
Se o desejo é de glória, sem pensar no seu irmão

Isso corrói o coração, envenena a mente
Abala seu emocional e o seu subconsciente
Ver toda essa gente e ninguém te compreende
O tempo passa voando e tudo muda de repente

Essa ideia é quente, é a fita, o papo certo
O Brown disse, assimilei, nem sempre é bom ser esperto

Estou preso à tudo aquilo que você mais odeia
Cemitério, caixão, 2 por 2 na cadeia

Abraçando mente fraca igual na santa ceia
É pânico na pista e o DP incendeia

Na madruga, lua cheia, o mal está na espreita
Na fissura até os ossos é só tiro de escopeta

Procuro e não encontro, mas batalho igual o Chris
Corro atrás do meu futuro, vou atrás de ser feliz

Só que essa liberdade exige sacrifício
Ao ver toda a humanidade jogando a vida no lixo