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Contraste Social by MV Bill Lyrics

Genre: rap | Year: 1999

[Verso 1]
Eu quero denunciar o contraste social
Enquanto o rico vive bem, o povo pobre vive mal
Cidade maravilhosa é uma grande ilusão
Desemprego pobreza miséria corpos no chão
As crianças da favela não tem direito ao lazer
Governantes só falam e nada querem fazer
O posto de saúde é uma indecência
Só atendem se o caso for uma emergência
Sociedade capitalista com sorriso aberto
Rir de longe é melhor do que sofrer de perto
Miséria e morte é o nosso dia a dia
Pelo menos entre nós não existe judaria
Um amigo estudou não teve oportunidade
Brigou, lutou por sua dignidade
Mas uma vez, por falta de opção
O seu trabalho foi na boca com uma nove na mão
Ele queria um dia voltar atras
Infelizmente esse amigo já não vive mais
Se ele tivesse uma chance podia ser trabalhador
Como não teve, para o inferno alguém lhe mandou
[Refrão]
Contraste social, o povo pobre é que vive mal
Eles querem negão dentro da prisão

[Verso 2]
Estouram uma boca de fumo, o traficante é preso
Para a alegria da polícia, o traficante é preto
Na cadeia com certeza vai passar muito tempo
Mas se tivesse dinheiro teria um justo julgamento
Num país onde o dinheiro domina
Família faz da praça a sua morada
A política é movida através de propina
Um inocente é condenado sem ter feito nada
E assim vamos fazendo o que diz a bandeira
Ordem e progresso num país de terceiro mundo
Não queremos ser tratados de qualquer maneira
Como se todos na favela fossem vagabundos
Quem está por cima não esquenta não
Ri de nós e joga o osso para o mundo cão
27 de janeiro de 1994
Uma mulher com as costas cheias de buraco
Estava parada com a filha na fila do orelhão
Recebeu pelas costas dois tiros de bagulhão
A filha ficou ferida e a mãe morreu
Mais um fato ocorrido na Cidade de Deus
O mesmo não acontece na Zona Sul
Não foi bandido quem matou, tava com farda azul
Não quero fazer sensacionalismo
Apenas te mostrar que a gente vive na beira do abismo
[Refrão]
Contraste social, o povo pobre é que vive mal
Eles querem negão dentro da prisão

[Verso 3]
O coletivo de favelado agora é arrastão
Discriminados na rua, na praia, na condução
A televisão esquece da pobreza
Impondo a playboyzada como padrão de beleza
Por isso que muito cara fica revoltado
Com o sistema que deixa os pobres acorrentados
Deve ser muito fácil falar da cobertura
Mas daqui debaixo a realidade é bem mais dura
Aqui não tem playground, não tem carro do ano
Aqui não tem piscina com playboy nadando
Aqui não tem shopping, não tem boate
Mas tem soldado de azul brincando de SWAT
Tem água de esgoto passando na rua
Tem gente sem casa, dormindo na chuva
Aqui não tem lazer, não tem quadra de basquete
A pelada é no CIEP
Porrada que agente levava no tronco
Agora levamos na rua e pronto
Ficamos com a boca fechada poque não queremos ir para o inferno
Te mandam pro saco dentro do buraco, esse é o mundo moderno
Tiro de doze, metralhadora e se acabou
A vida de mais um irmão, que pelos direitos reclamou
Fique ligado, nada mudou, veja o que se passou
Chibatada que agente levava no tronco não cicatrizou
Se você não se ligou, se liga então, nada mudou
Se na sua cabeça, eu estou equivocado
Desça da cobertura e passe aperto do meu lado
[Refrão]
Contraste social, o povo pobre é que vive mal
Eles querem negão dentro da prisão