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Ponto de Partida by Deau Lyrics

Genre: rap | Year: 2018

[Letra de "Ponto de Partida" ft. Keso]

[Verso 1: Deau]
Dizem-me que faltam instantes para que o show comece
O rosto finge ansiedade e nervosismo sem sucesso
Alguém na audiência comprou o último ingresso
Não sou hipócrita e confesso
Que esse é o motivo principal de todo o processo
Assombra-me o medo de não corresponder com a expectativa
Só quem está no meu lugar sabe o que isso significa
Sinto flasbacks de toda a minha vida
Ecos de episódios épicos passam-me em retrospetiva
Gritam o meu nome
Aproxima-se o momento de subir lá em cima
E a performance determina a duração da minha estadia
Era a vida que eu queria
Hoje sou dependente dela
Para garantir o teto que me abriga e o sustento na panela
Não é altura para pensamentos do tipo
É incrível como a consciência invade o indivíduo
Só não quero ser arguido
Quando a miséria for sentença
Como consequência
Da minha falta de juízo
Julguem-me os que quiserem
Critiquem, atirem pedras
Juro que as que acertem
Eu construo um paraíso com elas
Eu Empunho o ceptro
E Assumo o repto
De te tornar adepto
Do projeto inserto no meu léxico
E perante o préstito modesto
Que eu conservo e estimo
E para qual o préstimo a que eu me presto
É honesto e digno
Limito-me a cumprir o estabelecido:
Ser transparente quando cante o que escreva
Para que me percebas e entres no meu íntimo
Vejas as velas que eu soprei;
Nem todas belas
Mas superei as mazelas quando as supurei
E se saboreio os frutos do que plantei
Suporei que saberei o caminho caso me perca a meio do passeio
Eu sei o que no seio
Anseio um dia ver mais tarde
Não apressei o destino
Aprecio o que me tinha reservado
Porque é preciso saber de cor
As causas do fracasso
Para desenhar o triunfo
Com a cor da realidade em cada traço
[Refrão: Keso]
Eu oiço, eu oiço…
A voz desses monstros
Mas hoje, mas hoje…
Eu tenho de semear sonhos

[Verso 2: Deau]
Tenho um compromisso com o público
Do mais velho ao mais pupilo
Que pulsa na plateia como se tivesse comigo no púlpito
E quanto ao pulha que pilha
O que eu expulso da traqueia
Palpita, deturpa, mina-me à mínima hipótese que tenha
Não me contamina;
Confira quem queira:
Há tanta pepita na mina que, se não fica oculta, assassina
A firma inteira
Sente como aplaude a plateia
E impele para que se quebre a barreira
Que nos impede de ser uma plêiade
E assim vencer a expectativa
E como Pigmalião dar vida à Galateia
Que a minha imaginação lapida
O privilégio de um artista
Não é o reconhecimento que a obra gera
Mas ser a único a vê-la antes de expô-la numa tela;
Esse é o peso que me ditou a sina:
Inspirar a criar as "Cidades Invisíveis"
Que nem Calvino imagina;
Porque mais importante
Do que alcançar o que se aspira
É fazer com que quem nos admira também o consiga
[Refrão: Keso]
Eu oiço, eu oiço…
A voz desses monstros
Mas hoje, mas hoje…
Eu tenho de semear sonhos

[Verso 3: Deau]
A mim, esses monstros também me perseguem
E, sim, inquietam-me as consequências
A que estes caminhos levem
No fim
Todos sentimos o mesmo:
O medo de que aquilo em que acreditamos seja um erro
Mas enquanto tiver força, tenho esperança
Portanto, com licença;
A existência é a igualdade que temos para fazermos a diferença
Podem-me deixar de rastos
Moldar a minha essência
Mas nunca roubar o oásis
Que tenho dentro da cabeça
Fazer desses putos os homens de amanhã
E ser fonte de luz para essas miúdas, como o nascer da manhã
E nas rondas noturnas
Impedir que as sombras lhes toquem
Os contornos das curvas como
Um dos quadros de Rembrandt
Mesmo que seja vã
A concretização do meu intento
Verdade não serve de alimento à boca do tempo
É isso que dá alento à minha ideia
De fazer o meu 'V' de vitória
Brilhar junto do teu como Cassiopeia
[Refrão: Keso]
Eu oiço, eu oiço…
A voz desses monstros
Mas hoje, mas hoje…
Eu tenho de semear sonhos

[Outro: Deau]
A existência é a igualdade que temos para fazermos a diferença
Podem-me deixar de rastos
Moldar a minha essência
Mas nunca roubar o oásis
Que tenho dentro da cabeça
O privilégio de um artista
Não é o reconhecimento que a obra gera
Mas ser a único a vê-la antes de expô-la numa tela
Julguem-me os que quiserem
Critiquem, atirem pedras
Juro que as que acertem
Eu construo um paraíso com elas

Eu tenho uma teoria:
Enquanto o pobre sonha
A gente rica concretiza
Mas não há maior miséria
Do que não ter sonhos na vida
Por isso, eu vejo cada meta
Como um ponto de partida;
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